A designer Charllote Meyer recolhe das ruas animais
debilitados e os encaminha para adoção
A cena é mais corriqueira do que se imagina: uma caixa de
papelão é deixada numa via pública, contendo uma ninhada de filhotes entregues
ao deus-dará. Assim o destino do gato vira-lata Miguelzinho foi tragicamente
traçado. Em junho de 2012, com menos de 1 mês de vida, ele foi jogado com três
outros filhotes à margem de um valão em Mesquita, na Baixada Fluminense. Como
consequência da barbaridade, teve o abdômen esmagado e perdeu o movimento dos
membros inferiores. Foi encontrado pela designer Charllote Meyer, que, comovida
com seu estado, decidiu cuidar do animal. "Ele estava quase morto, cheio
de parasitas. Levei-o ao veterinário, que não viu solução e insistiu que o
sacrificasse", lembra. Ela contrariou o parecer e resolveu arcar com o
tratamento do felino, que dessa forma ganhou sobrevida de um ano, mas morreu há
cinco meses.
"Sacrificar animais jamais deveria ser a primeira opção. Se bem cuidados, eles vivem espertos e felizes por muito tempo"
"Sacrificar animais jamais deveria ser a primeira opção. Se bem cuidados, eles vivem espertos e felizes por muito tempo"
O episódio envolvendo o gatinho levou Charllote a criar um movimento no
Facebook cujo objetivo é chamar atenção para a situação de extrema
vulnerabilidade vivida pelos animais largados à própria sorte nas ruas.
Inicialmente, angariou doações para custear o dispendioso tratamento de
Miguelzinho. Com mais de 40 000 seguidores, hoje sua página na rede social
reúne recursos destinados a manter catorze gatos recolhidos nas ruas, entre
eles cinco que sofrem de paralisia. Depois de recuperados, os bichos ficam
disponÃveis para adoção. "Passei a me dedicar inteiramente à causa. Não
meço esforços para levá-los a consultas, exames ou tratamentos, seja onde
for", afirma. Com suas detalhadas e rotineiras postagens na internet,
Charllote espera replicar sua ação, incentivando outras pessoas a fazer o
mesmo: acolher animais que tradicionalmente são rejeitados ou sacrificados.
"Essa jamais deveria ser a primeira opção. Se bem cuidados, eles vivem
espertos e felizes por muito tempo."
Texto Fonte: Vejario.abril.com.br