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A toxoplasmose é uma zoonose parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, responsável por causar lesões clÃnicas polissistêmicas. Este parasita possui distribuição em todas as áreas do mundo onde há gatos, pois estes são hospedeiros definitivos do parasita, isto é, são os únicos que completam a fase sexuada do parasita, a qual leva à excreção de oocistos nas fezes. Este padrão de multiplicação denomina-se ciclo enteroepitelial.
Os hospedeiros intermediários, que podem ser a maioria das aves, anfÃbios, peixes, répteis e mamÃferos(incluindo os seres humanos), se infectam pela ingestão de oocistos esporulados oriundos das fezes dos gatos infectados, fechando assim, o ciclo evolutivo parasitário.
Os gatos tornam-se infectados pela ingestão de oocistos esporulados, ou pela ingestão de cistos extra-intestinais nos tecidos dos hospedeiros intermediários(ex: caça, carne crua).
O ciclo enteroepitelial ocorre apenas em gatos e em outros felÃdeos, em quanto o ciclo extra intestinal ocorre em todas as espécies que servem de hospedeiro intermediário.
SINAIS E SINTOMAS
Os sinais e sintomas clÃnicos geralmente não estao associados ao ciclo enteroepitelial nos gatos. Após a infecção, excretam oocistos em suas fezes durante três semanas, aproximadamente e tornam-se infectantes (esporulados ) em dois ou três dias. Os sinais e sintomas clÃnicos da toxoplasmose podem ocorrer em hospedeiros intermediários, inclusive os gatos, durante a fase aguda da infecção extra intestinal. As sÃndromes clÃnicas mais comuns são : deficiências neurológicas, retinocoroidite, polimiosite, linfadenopatia, hepatite, pancreatite, granuloma intestinal, abortamento e moléstia neonatal.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da toxoplasmose se faz pela combinação dos sinais clÃnicos com os testes sorológicos.
Os testes sorológicos demonstram tÃtulos ascendente de anticorpos anti-T.gondii em soros pareados, ou demonstram elevado tÃtulo sérico de anticorpo numa única amostra de soro.
- TÃtulos de anticorpos iguais ou maiores que 1:512, geralmente indicam uma infecção ativa recente.
- TÃtulos de 1:128 a 1:256, geralmente indicam uma infecção recente, porém bloqueada.
- TÃtulos de 1:32 a 1:64, em geral indicam infecções passadas e inativas.
- TÃtulos iguais ou inferiores a 1:16 ou 1:32, geralmente são considerados como negativos.
TRATAMENTO
Para sinais clÃnicos no ciclo extra intestinal em gatos, polimiosite e retinocoroidite : é utilizado cloridrato de clindamicina na dose de 25mg/Kg V.O. TID por 21 dias. Casos de uveÃte anterior: administração tópica de acetato de prednisona a 1%, duas gotas nos olhos acometidos 4 vezes ao dia.
Para diminuir possÃveis efeitos colaterais por uso prolongado de medicamentos utiliza-se ácido fólico 50mg V.O., levedura de cerveja 100mg/Kg/dia, ácido folÃnico 1mg/Kg V.O.
Acometimento ocular e do sistema nervoso central utiliza-se trimetoprim - sulfadiazina, 15mg/Kg BID, 14 a 21 dias.
INFORMAÇÕES DE IMPORTÂNCIA E PREVENÇÃO NA INFECÇÃO HUMANA
Infecções extra-intestinais ocorrem em seres humanos, e os sintomas são similares aos ocorrentes nos cães e gatos.
A infecção humana ocorre com a ingestão de trofozoÃtos na carne crua ou mal cozida, ingestão de oocistos proveniente das fezes de gato e pela via transplacentária.
As infecções humanas em sua maioria são assintomáticas, mas a infecção congênita do feto humano, através da transmissão placentária representa a maior ameaça aos seres humanos. Podem resultar em morte fetal e em abortamento no primeiro trimestre de gravidez, ou em deficiências neurológicas e visuais no último trimestre de gravidez.
Visto que a infecção humana pode ocorrer em decorrência da exposição aos oocistos nas fezes do gato, mulheres grávidas não devem limpar as caixas de necessidades.Estas caixas devem ser higienizadas diariamente para que se impeça que os oocistos se tornem infectantes.
Os gatos não devem receber carne crua e nem devem caçar (passarinhos, ratos, etc.), quando houver uma gestação.Deve-se lembrar também que, a infecção humana pode ser contraÃda pela ingestão de carne crua ou mal cozida, e não apenas a partir das fezes de gato.
Sergio LuÃs A. Pitarello
Médico Veterinário