JÁ OUVIU FALAR EM FLORIDA SPOTS? É UMA DOENÇA QUE AFETA OS OLHOS DO ANIMAL, NÃO TEM CURA E É MAIS COMUM DO QUE OS DONOS DE PET PENSAM.
Alterações oftálmicas nos animais de companhia são facilmente observáveis pelos seus donos e constituem-se uma grande parcela dos motivos das visitas aos consultórios veterinários.
Em cães e gatos, observa-se frequentemente opacidades na córnea, denominadas “Florida spots”, de coloração acinzentada ou branca e de tamanho variado. Acomete também, embora mais raramente, equinos e alguns pássaros. Esta anomalia foi descrita pela primeira vez em gatos no Sul do Flórida, EUA, o que explica a origem de seu nome. Em outras regiões do mundo, como a América do Sul, observa-se mais frequentemente em áreas tropicais ou subtropicais, por isso também é denominada “ceratopatia tropical”.
Apesar de localizar-se na córnea, que é a camada transparente externa localizada no centro do globo ocular, que permite a entrada da luz no olho, esta doença é frequentemente confundida pelos proprietários com a “catarata”, que é uma doença que afeta o cristalino, estrutura localizada mais profundamente no globo ocular, atrás da íris (a estrutura muscular que define a “cor” dos olhos).
Florida spots caracteriza-se por opacidades visíveis a olho nu, e podem ser únicas ou multifocais, radialmente simétricas, com a região central mais densa, podendo se apresentar uni ou bilateralmente. Essas opacidades encontram-se profundamente na córnea. As lesões variam em tamanho de 1 a 8 mm de diâmetro e são tipicamente múltiplas. Não se observam outras anormalidades e a condição é não progressiva.
Os olhos não apresentam sinais de inflamação ou desconforto e não respondem ao tratamento com antifúngicos ou corticosteroides. A visão também não é afetada significativamente.
Não se conhece o mecanismo patogenético desta alteração, embora já tenham sido sugeridos como possíveis causas agentes físicos como o excesso de luz ultravioleta, uma reação alérgica ao pólen e agentes infecciosos como microbactérias. Em estudo feito no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS em 2001, os animais mais afetados foram os que tinham contato com outros gatos, o que reforça a hipótese de a doença ser de origem infecciosa e transmissível, porém sem comprovação.
Portanto, se você observar manchas nos olhos dos seus animais, procure um veterinário oftalmologista para realizar o diagnóstico correto, pois existem outras doenças que também causam manchas na córnea e podem ser de maior gravidade ou tratáveis.
Fonte: Dr. Mauro Luis da Silva Machado - médico veterinário e Coordenador de Serviço de Dermatologia Veterinária (Dermatovet) -
Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS - Porto Alegre RS.
Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS - Porto Alegre RS.